No virar do milénio, John Williams já era considerado um dos maiores compositores de cinema da história, com cinco Óscares e uma série de trilhas sonoras duradouras no seu currículo, incluindo Star Wars, E.T. e Indiana Jones. No entanto, antes de contratá-lo para Harry Potter e a Pedra Filosofal, a Warner Bros e o diretor Chris Columbus testaram as habilidades de Williams, pedindo-lhe que escrevesse algum material promocional para o filme. Este voltou com uma música que mais tarde se tornaria “Hedwig’s Theme” – este é o leitmotif que ouvimos interpolado em todas as oito parcelas da saga, bem como na prequela, Fantastic Beasts.
“Lembro-me de ouvir ‘Hedwig’s Theme’ pela primeira vez”, disse um dos produtores do filme num vídeo de ‘making of’ “Era tão claro que era isto. Parecia tão apropriado, suficientemente majestoso e mágico. ”
É inegável que esta música captura a aventura e as maravilhas da saga de J. K. Rowling.
Mas qual será um dos fatores para isto?
Antes de mais, o melhor é ouvir a peça, por isso fica o áudio já aqui em baixo:
Logo nos primeiros compassos, antes de se juntarem as cordas, podemos ouvir um instrumento entre o piano e xilofone que lhe dá uma certa misteriosidade especial: a celesta.
A celesta é um instrumento musical (concretamente, um idiofone de percussão) com um teclado, com lâminas de metal (habitualmente aço, percutidas por martelos, à semelhança do piano) suspensas sobre um corpo de madeira que faz ressonância, e com pedais para prolongar ou atenuar o som. Construída em 1886 pelo francês Auguste Mustel, a celesta fez a sua estreia no mundo musical com o ballet O Quebra-Nozes, de 1892, composto por Pyotr Illitch Tchaikovsky, que contrabandeou uma secretamente de França. A celesta (como o glockenspiel) é classificada como um metalofone. Nesta obra, o Quebra-Nozes, dá-se a presença deste instrumento na obra “Dance of The Sugar Plum Fairy”.
Apesar de ser tocada como o piano tem um som leve, como sinos, daí a parecença entre piano e xilofone.
Ouvimos Hedwig’s Theme em todo o filme – mesmo em momentos sem a própria coruja. Inclusive, algumas das outras peças, como Leaving Hogwarts ou Harry’s Wondrous World, incluem a melodia principal.
John Williams escreveu muitas outras peças excelentes para Harry Potter (basta ver o nosso artigo sobre Harry Potter e a Sua Banda Sonora). ‘Leaving Hogwarts’ é um tema particularmente bonito que frequentemente parece-nos lembrar da conexão de Harry com Hogwarts – a casa onde o jovem bruxo descobriu que realmente pertence. O terceiro filme (O Prisioneiro de Azkaban), e o final marcado por John Williams, adquiriu um ar mais sombrio com o novo diretor Alfonso Cuaron. ‘A Window to the Past’ é particularmente comovente, enquanto ‘Double Trouble’, apresentada no Hogwarts Welcoming Feast, usa letras de Macbeth de Shakespeare e soa como uma das primeiras óperas de Purcell.
John Williams ficou tão impressionado com a celesta que a usou em muitas outras bandas sonoras de filmes famosos, embora nenhuma tão famosa quanto Harry Potter!
Playlist Completa da Banda Sonora de Harry Potter
AVISO: Nem este artigo nem o Pianissimo apoiam as visões transfóbicas ou homofóbicas de que foi acusada a autora de Harry Potter e Fantastic Beasts, J. K. Rowling. Assim, todo o conteúdo disposto neste blog tem a intenção de respeitar a comunidade LGBTQ+ e todos os seus direitos.