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Acho que compositores contemporâneos podem gerar bastante polémica. Quer dizer… com experimentalismo, atonalismo, dodecafonismo, serialismo e todas essas abordagens, e peças que duram mais de 600 anos, ou peças que são vinte minutos num acorde e mais vinte minutos de silêncio, ou peças em que é suposto dar de comer ao piano… vamos só dizer que vai muito além da 4’33’’.

Quer dizer, o que raio é isto?!

Mas não são só compositores meio cientistas malucos. Há vários compositores contemporâneos que considero merecedores de serem distinguidos como bons compositores, e é por isso que hoje trouxe 10 compositores contemporâneos que eu admiro, mais as minhas obras preferidas de cada um e gravações sugeridas.

Então, sem mais delongas, passemos aos artistas.

1. Ludovico Einaudi

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Pianista e compositor italiano, nasceu em Turim no dia 23 de novembro de 1955. Iniciou a sua carreira como compositor de música erudita, no entanto logo incorporou outros estilos e géneros, incluindo pop, rock, world music e folk music.

Ao estudar com Luciano Berio, compositor italiano que se destacou especialmente no domínio da música experimental, Einaudi aprendeu, para além de orquestração, uma maneira liberal de pensar sobre música e que “há uma espécie de dignidade dentro da música”, de acordo com as suas próprias palavras.

Para além de escrever e tocar a sua própria música, Einaudi compôs também várias bandas sonoras, entre as quais as bandas sonoras de filmes como “Os Intocáveis” e “Samba”, tendo inclusive ganhado um Grolla d’oro, um dos mais antigos prémios cinematográficos italianos, pelo filme Acquario.

Além disso, possui atenção internacional e a sua música foi apresentada em locais como o Teatro alla Scala, o Tanglewood Music Festival, o Lincoln Center e o UCLA Center for Performing Arts.

A sua música é normalmente classificada como minimalista ou como a chamada Música da Nova Era, que engloba uma melodia suave, utilizando-se de sons instrumentais (harpa, teclados, flauta, violão, órgão), vozes etéreas e sons da natureza.

Algumas das minhas obras preferidas deste compositor são:

  • Nuvole Bianche
  • Experience
  • Fly
  • Una Mattina
  • Nefeli
  • Elegy for the Artic
  • Primavera

Gravações sugeridas:

2. Nico Cartosio

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“Não sei de onde vem. Talvez batesse com a cabeça muitas vezes quando era criança, ou talvez tenha participado em demasiadas lutas quando era adolescente. Desde criança, sinto pessoas e lugares na forma de melodias.

Uma rapariga sorri para mim, e eu ouço como ela soa. É uma melodia específica. Ela franze a testa e instantaneamente, a melodia muda na minha cabeça, de um solo de flauta para um violoncelo.

Ou um jovem corre pela rua, gritando com alguém. Eu sinto a sua energia, tomo isso como música e imediatamente ouço a melodia na minha cabeça.

É como os sonhos que temos. Às vezes conseguimos lembrar-nos deles, outras vezes não. Então eu aproveito para anotá-las, porque às vezes elas escapam-me.

Assim, além de um enxame de pensamentos, a banda sonora do mundo ao meu redor toca a cada segundo. As pessoas pensam com pensamentos, e eu recebo pensamentos e melodias.”

Esta é a descrição do próprio compositor da capacidade sem igual que ele tem de ouvir melodias quando conhece novas pessoas.

Obras como Girl On An Iceberg e Melting, deste mesmo compositor, são melodias inspiradas por pessoas.

Há apenas alguns anos, o nome do músico Nico Cartosio era reconhecido principalmente entre professores de harmonia e amantes da música clássica. No entanto, as suas composições são agora apreciadas por milhões de fãs de música um pouco por todo o mundo.

Cartosio é reconhecido como um génio contemporâneo. Ele entrou no grande holofote da música, realizando uma cambalhota de tirar o fôlego de compositor a músico icónico na perspetiva de milhares de fãs de música.

Mas como é que isto aconteceu? Com um simples vídeo que o levou ao grande estúdio Abbey Road.

Os amigos do compositor decidiram gravar um vídeo para a comovente narrativa «Snow Above The Earth (Requiem For The Tunes Unplayed)» em abril. O vídeo foi carregado pela primeira vez no YouTube com a intenção de expô-lo a amigos e conhecidos.

A situação, no entanto, tomou um rumo inesperado. O clipe foi assistido por mais de 3 milhões de pessoas em apenas algumas semanas. Este vídeo da música foi amplamente compartilhado nas redes sociais, fóruns de música e outros websites.

Basta dizer que produtores musicais seriam incapazes de ignorar tal tempestade. A composição de Cartosio foi localizada e ele foi convidado a gravá-la no lendário estúdio Abbey Road, que já gerou músicas para os Beatles, Radiohead, Pink Floyd, Amy Winehouse, entre outros artistas.

Como consequência, o compositor começa a trabalhar no seu álbum de estreia com a ajuda de músicos de destaque, incluindo Frank Ricotti, John Lenehan, John Mills e Gavin Greenaway. Ouvimos as músicas destes artistas em filmes como “Harry Potter”, “Os Piratas das Caraíbas”, “Batman”, “Doctor Strange”, entre muitos outros.

Algumas das minhas obras preferidas deste compositor são:

  • Girl On An Iceberg
  • Melting
  • Adagio for Strings and Storm
  • Snow Above The Earth (Requiem For The Tunes Unplayed)

Gravações sugeridas:

3. Aleksey Igudesman

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Aleksey Mikhailovich Igudesman é um violinista, compositor, maestro, comediante e ator de ascendência russa e alemã. É membro do Igudesman & Joo, uma dupla de comédia musical.

Igudesman nasceu numa família judia musical em Leningrado, então parte da União Soviética. Ele e a sua família foram para a Alemanha quando ele tinha seis anos. Ele foi posteriormente aceite na Escola Yehudi Menuhin na Inglaterra quando tinha 12 anos. Aprendeu violino com Boris Kuschnir no Conservatório de Viena de 1989 a 1998.

Style Workout, The Catscratchbook e Pigs Can Fly estão entre as obras da Universal Editions de Igudesman, assim como os livros de duetos para violino Klezmer & More, Celtic & More, Latin & More e Asia & More.

Igudesman já tocou duetos de violino ao lado de violinistas consagrados como Gidon Kremer, Julian Rachlin, Janine Jansen, Vadim Repin, Pavel Vernikov e Alexandra Soumm como parte de um projeto intitulado Violins of the World.

Igudesman também é diretor de cinema e ator. O seu documentário de longa-metragem Noseland, sobre os músicos profissionais Julian Rachlin e Mischa Maisky, bem como os atores John Malkovich e Roger Moore, estreou no Transylvanian International Film Festival, na Roménia, em junho de 2012, e ganhou o “Documentário Mais Divertido” na DocMiami 2012, e foi planeado para ser lançado na Alemanha.

Ele é cofundador do Music Traveler, uma aplicação que permite aos músicos encontrar e reservar salas de ensaio.

Music Traveler inclui vários músicos de alto nível como embaixadores, incluindo nomes como Billy Joel, Hans Zimmer, John Malkovich, Sean Lennon e Adrien Brody.

Algumas das minhas obras preferidas deste compositor são:

  • Funk The String
  • Mandala’s Waltz
  • Flamenco Fantasy
  • In the Woods

Gravações sugeridas:

4. Philip Glass

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O que é que eu posso dizer de Philip Glass para além de “eu acho que a música dele é incrível”?

Oh bem. Coisas interessantes, acho eu.

Philip Morris Glass é um pianista e compositor americano nascido em 31 de janeiro de 1937. Ele é comummente reconhecido como um dos compositores mais influentes do final do século XX. O trabalho de Glass está ligado ao minimalismo, pois é feito de frases repetidas e camadas em movimento. Glass vê-se como um compositor de “música com estruturas repetidas”, da qual ele liderou o desenvolvimento estilístico.

Glass também preencheu a lacuna entre a música clássica e outros géneros como rock e world music. Enquanto explorava compositores como Bach, Mozart e Schubert com a renomeada professora de música Nadia Boulanger, Glass atraiu admiradores como Brian Eno e David Bowie, o último a quem Glass também venera.

Glass criou o Philip Glass Ensemble, com quem se apresenta em teclados.

Escreveu quinze óperas, juntamente com inúmeras óperas de câmara e peças de teatro musical, catorze sinfonias, doze concertos, nove quartetos de cordas e outras músicas de câmara, para além de várias bandas sonoras de filmes. Três destas últimas ganharam indicações ao Óscar. Entre o seu repertório encontram-se títulos como “Glassworks”, “Einstein on the Beach” e “Metamorphosis”.

Eu já disse que a música dele é incrível?

Então passo a referir algumas das minhas obras preferidas deste compositor:

  • “I’m Going to Make a Cake” (mas toda a banda sonora de “The Hours” é fantástica, especialmente também Poet Acts)
  • Glassworks (especialmente a abertura)
  • Evening Song
  • Metamorphosis (gosto de todas, mas especialmente da um e da quatro)
  • Etude nº 16 (mas todos os estudos são incríveis, honestamente)
  • Mad Rush

Gravações sugeridas:

E esta playlist no YouTube que contém Glassworks na íntegra interpretado pelo Philip Glass Ensemble.

Também não posso deixar de recomendar 2 artigos deveras interessantes sobre este compositor que encontrei enquanto estava a pesquisar para este artigo:

5. Leonard Bernstein

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Uma curiosidade: este compositor nasceu com o nome de Louis Bernstein, mas o seu nome foi mudado para Leonard quando este tinha 15 anos.

Mr. Bernstein, maestro, pianista e compositor, foi nada mais, nada menos do que o primeiro compositor americano do século XX a obter fama internacional, ganhando reconhecimento com a Filarmónica de Nova Iorque.

O seu pai, o empresário de Lawrence e dono de uma livraria Sam Bernstein, primeiro resistiu a que o seu filho seguisse a carreira de músico, mas Bernstein assistiu a vários recitais. Num destes recitais, Bernstein ficou encantado com uma performance de piano e começou a estudar o instrumento.

O compositor fundou uma banda de jazz quando ainda adolescente, na década de 1930, era conhecido por tocar piano jazz em festas e dirigiu uma banda de swing no acampamento de verão.

Algumas das peças influenciadas pelo jazz que ele criou em Harvard em meados da década de 1930, e mais tarde no Curtis Institute of Music, serviram de inspiração para peças posteriores. Talvez mais importante, a sua tese de graduação afirmou que o jazz constitui a raiz universal da composição americana. Logo após a faculdade, mudou-se para Nova Iorque e mergulhou no jazz, transcrevendo improvisações de grandes artistas para publicação durante o dia e tocando piano em clubes de jazz à noite.

Bernstein começou, entretanto, a ganhar fama como maestro, e depois de uma performance como maestro de Don Quixote (Strauss) é que ganhou este reconhecimento, e seria depois convidado por Arturo Toscanini para dois concertos, um deles como solista no Concerto para Piano em Sol Maior de Maurice Ravel.

A sua composição mais famosa foi provavelmente o musical West Side Story, com libreto de Arthur Laurents e letras de Stephen Sondheim. Este foi adaptado para o cinema (e creio que teve uma reedição de Steven Spielberg no ano passado) e continua a ser reconhecido e apreciado.

Foi no início da década de 1940 que Leonard Bernstein descobriu a sua voz como compositor e transmitiu o som da América urbana e cosmopolita da Segunda Guerra Mundial através dos protestos antiguerra da década de 1970 e da ressurreição da liberdade na Europa com o colapso do Muro de Berlim e do comunismo soviético.

Ao navegar pelo seu trabalho, encontrar-se-á obras conhecidas e menos conhecidas que evocam o seu tempo, ao mesmo tempo preservando-o e encapsulando-o. À medida que a era tumultuosa da segunda metade do século XX emergia, podia-se ouvir a sua luta interna soar inevitável em todos os lugares. Bernstein já foi associado à música de Benjamin Britten, Dmitri Shostakovich, George Gershwin e Aaron Copland.

Acho que vale também a pena referir que o compositor escreveu um livro chamado “O Mundo da Música”, em que ele aborda vários temas como ser maestro (incluindo o balanço entre Mendelssohn e Wagner), Johann Sebastian Bach, as canções de Gershwin, Introdução à Música Moderna, etc. É muito interessante e aconselho vivamente a quem quiser ler!

Algumas das minhas peças preferidas deste compositor são:

  • Mambo (Danças Sinfónicas do West Side Story)
  • America (também parte de West Side Story)
  • Abertura da ópera Candide
  • “I Am Easily Assimilated”, também parte da ópera Candide
  • Serenade After Plato’s Symposium

Gravações sugeridas:

Acho que vale a pena dizer que também gosto muito da gravação do Gustavo Dudamel com a Simon Bolivar Symphony Orchestra do Mambo, mas acho que a qualidade do som na gravação da Berliner Philharmoniker com o Ingo Metzmacher é melhor.

De qualquer forma deixo o link aqui.

6. Ólafur Arnalds

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Aqui está outro compositor que acho fascinante porque, como Glass, tem um estilo realmente distinto e único que acho que merece reconhecimento e apreço.

Ólafur Arnalds é de Mosfellsbær, Islândia, e é multi-instrumentista e produtor. Na sua música, o compositor cria um som que vai do ambiente/eletrónico ao pop atmosférico, misturando cordas e piano com loops e percussão. Anteriormente, Ólafur também foi baterista de várias bandas de hardcore e metal, incluindo a banda Celestine.

Ólafur também fundou o Kiasmos, um projeto experimental de techno com Janus Rasmussen da banda islandesa de electro-pop Bloodgroup, em 2009, e lançou o seu primeiro álbum eletrónico em 2014.

No 64º Grammy Awards em 2021, Arnalds foi indicado a duas categorias. “Loom (feat. Bonobo)” foi indicado na categoria Melhor Dança/Gravação Eletrónica e “The Bottom Line” foi indicado para a categoria Melhor Arranjo, Instrumental e Vocal.

Outro projeto em que ele estava envolvido, The Chopin Project, também desperta o meu interesse – este foi um projeto realizado em colaboração com a pianista Alice Sara Ott.

Em 2015, Ólafur colaborou no The Chopin Project com a pianista germano-japonesa Alice Sara Ott, um lançamento que proporcionou uma nova e excitante perspetiva sobre a música de Frédéric Chopin. Para desenvolver um arco emocional ao longo do álbum, Arnalds escolheu um programa de obras de Chopin e depois produziu secções de ligação para quinteto de cordas, piano e sintetizador com base na atmosfera e nas ideias dessas peças.

Em alguns aspetos, este projeto foi iniciado como uma homenagem à avó de Ólafur. Quando ele a visitava, um Ólafur jovem e amante de metal sentava-se com ela e ouvia as obras de Chopin por respeito à sua avó.

A sua música é frequentemente descrita como ambiente ou experimental, um pouco como Einaudi, mas o que eu acho é que a sua música, apesar de ser de um caráter sóbrio, denota uma sensibilidade louvável. E como uma pessoa muito inteligente me disse, os verdadeiros génios são os que criam a partir de algo simples.

Algumas das minhas peças preferidas dele:

  • Particles (a minha preferida)
  • Doria
  • This Place is A Shelter
  • Raddir
  • Tomorrow’s Song
  • Film Credits
  • Fyrsta
  • Eyes Shut
  • Saudade
  • Near Light

Gravações sugeridas:

7. Max Richter

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Max Richter é um pianista e compositor britânico nascido na Alemanha.

Este compositor pertence à corrente pós-minimalista e também trabalha na interseção da música clássica atual e da música popular alternativa. Richter tem formação clássica, tendo-se formado na Royal Academy of Music em Londres com uma licenciatura em composição e estudado na Itália com Luciano Berio (que também deu aulas a Einaudi).

Richter compõe, arranja e executa música para teatro, ópera, balé e cinema. Já fez parceria com outros artistas, bem como com pessoas que trabalham em performance, instalação e mídia. Ele tem oito álbuns solo em seu crédito, e a sua música foi apresentada em filmes como o filme de guerra de Ari Folman, Waltz with Bashir (2008).

Richter ultrapassou um bilião de streams e um milhão de vendas de álbuns em dezembro de 2019.

O álbum de estreia de Max Richter, Memoryhouse, um álbum aventureiro de “música documental” gravado com a BBC Philharmonic Orchestra e considerado uma “obra marcante da música clássica moderna”, explora contos e histórias reais e fictícias.

Várias faixas, como “Sarajevo”, “November”, “Arbenita” e “Last Days”, lidam com as consequências do conflito de Kosovo, enquanto outras, como “Laika’s Journey”, são sobre lembranças da infância.

Sons ambientes, vozes (incluindo a de John Cage) e leituras de poesia da obra de Marina Tsvetaeva compõem a música. “Uma obra-prima da composição neoclássica”, segundo a BBC Music.

Os seus álbuns “The Blue Notebooks” e “Sleep” são recebidos como música de protesto, tendo o primeiro sido descrito como “uma das peças mais emblemáticas da música clássica e de protesto do século 21” e escolhido como uma das melhores peças clássicas do século pela Guardian.

Max escreveu ainda numerosas bandas sonoras para filme e televisão ao longo dos anos.

Algumas das minhas peças preferidas dele:

  • The Departure
  • On The Nature of Daylight
  • November
  • Mercy
  • Never Goodbye
  • Dream 3

Gravações sugeridas:

8. Luke Faulkner

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Luke Faulkner é um pianista e compositor britânico nascido em Shropshire, Inglaterra, no ano de 1991.

Este compositor estudou piano e composição na Chetham’s School of Music antes de receber uma bolsa académica para estudar música na Christ Church, University of Oxford (2009-12).

Luke continuou a sua educação na Universidade de Edimburgo, onde estudou para um Mestrado em Composição de Ecrã depois de se formar com honras de primeira classe “duplas” de Oxford. Ele também aprendeu sobre produção musical e engenharia nesta Universidade e formou-se em primeiro lugar na sua turma em 2014.

Desde a sua graduação que Faulkner tem mantido como carreira a de artista clássico com gravações, tendo gravado com gravadoras como Halidon e Cavendish Music. Para além de dez álbuns lançados, possui ainda uma variedade de lançamentos individuais.

Os seus lançamentos já foram ouvidos cerca de 80 milhões de vezes e o seu trabalho promovido nas redes sociais da revista Classic FM.

Algumas das minhas peças preferidas deste compositor são:

  • The Wanderer
  • Mélodie (piano e violoncelo)
  • Valse Triste
  • Dance of The Shadows
  • Eastern Winds
  • Daydreaming
  • Dusk
  • Dawn

Gravações sugeridas:

Esta playlist do compositor a tocar as peças do seu álbum “The Wanderer”.

9. Evgeny Kissin

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É a sério e é incrível.

O grande pianista e solista de renome internacional Evgeny Igorevich Kissin é também compositor e tem obras publicadas na G. Henle Verlag.

Numa entrevista a esta editora, o pianista afirma:

“Na verdade, eu tinha um desejo natural de compor música desde criança. Assim que aprendi a ler música, por volta dos seis anos, comecei a escrever as minhas próprias composições. Tentei estilos diferentes e instrumentos diferentes, mas aprendi sobre eles nos livros. Eu adorava ler livros sobre diferentes instrumentos. Mas é claro que os livros não são suficientes para aprender o que é realmente possível fazer.

Há uma história engraçada sobre isso: um dia eu escrevi algo para viola, então quando mostrei o meu trabalho a uma professora da minha escola ela disse “não pode ser tocado na viola”. Eu respondi: “OK, deixe a viola desenvolver-se!” Ou outra: tocava com o meu colega de escola, um violinista, em particular. Ele pediu-me para escrever um ciclo de variações sobre alguns temas famosos para o seu instrumento. Então eu escolhi o primeiro tema do concerto para violino de Mendelssohn, escrevi um ciclo de variações e dei ao meu amigo. Ele olhou para eles e disse-me alguns dias depois “bem, sabes, se o Jascha Heifetz treinasse muito bem, ele provavelmente conseguiria tocar metade disso…”.

E então chegou um ponto em que parei de ouvir a minha própria música na minha cabeça. Eu não sabia o que fazer a seguir. Isto coincidiu com a época em que as minhas atividades como pianista concertista começaram a aumentar. Isto foi quando eu tinha uns 15 anos.

Há alguns anos, comecei a sentir vontade de compor novamente.”

Acho uma entrevista muito boa. O link fica aqui, se alguém quiser ver.

Até agora, Kissin tem 4 obras publicadas na Henle: a op. 1, Quatro Peças para Piano (Dodecaphonic Tango, Meditation, Intermezzo e Toccata), a Sonata para Violoncelo e Piano op. 2, o seu Quarteto de Cordas op. 3 e Thanatopsis para voz feminina e piano op. 4, baseado no poema de William Cullen Bryant.

Gosto muito de todas, mas particularmente do Dodecaphonic Tango, da Toccata e da Sonata para Violoncelo e Piano.

Gravações sugeridas:

https://youtu.be/Ncn8q3Pjctw

10. Arvo Pärt

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Arvo Pärt é um compositor estoniano de música clássica e sacra. Pärt compõe em estilo minimalista desde o final dos anos 1970, utilizando tintinnabuli, uma técnica de composição que ele criou. O canto gregoriano é uma grande inspiração para a música de Pärt. Fratres (1977), Spiegel am Spiegel (1978) e Für Alina (1979) são algumas das suas obras mais executadas. Pärt foi o compositor vivo mais tocado do mundo de 2011 a 2018.

A sua obra pode ser dividida em dois períodos.

No primeiro, o compositor usou uma variedade de abordagens neoclássicas nas suas primeiras peças, influenciadas por Shostakovich, Prokofiev e Bartók. Ele então começou a usar o dodecafonismo e o serialismo de Schoenberg nas suas peças. Isso, por outro lado, não apenas enfureceu a elite soviética, mas também provou ser um beco sem saída criativo. Pärt entrou no primeiro de vários períodos de solidão contemplativa quando os censores soviéticos proibiram as suas primeiras peças, durante os quais ele estudou música coral dos séculos XIV a XVI.

A Terceira Sinfonia de transição para o segundo período de Pärt (1971) foi influenciada pelo espírito da polifonia europeia inicial; além disso, dedicou-se à música mais antiga, reinvestigando as raízes da música ocidental. Plainsong, canto gregoriano e o nascimento da polifonia no Renascimento europeu foram alguns dos tópicos que ele estudou.

Após esse período, a música que ele começou a lançar foi significativamente diferente. Fratres, Cantus in Memoriam Benjamin Britten e Tabula Rasa foram todos escritos durante este período de novas composições. Pärt chama a música desse período de “tintinnabuli” – como sinos a tocar – uma técnica que terá o seu próprio artigo em breve, mas em poucas palavras, é um método que emprega duas vozes, uma que arpeja a tríade tônica e a outra que se move em modo diatónico gradualmente.

Harmonias simples, geralmente notas simples sem adornos, ou tríades, caracterizam a música, que é o núcleo da harmonia ocidental. As obras de Tintinnabuli têm um ritmo direto e não variam o andamento.

As composições posteriores de Pärt também são notáveis ​​pelo seu frequente tratamento de textos sagrados, embora ele prefira utilizar o latim ou a língua eslava da Igreja usada na liturgia ortodoxa em vez da sua língua nativa estoniana.

Algumas das minhas peças preferidas deste compositor são:

  • Spiegel Im Spiegel
  • Für Alina
  • Partita, Op. 2 (especialmente a Fughetta)
  • Fratres
  • Sonatina nº 1 (especialmente o Larghetto)

Gravações sugeridas:

E acaba por aqui a lista de 10 compositores, apesar de haver muitos mais compositores contemporâneos que merecem muito reconhecimento e apreciação!

“Esta vai ser a nossa resposta à violência: fazer música mais intensamente, mais lindamente, mais devotamente do que alguma vez antes.”

Leonard Bernstein
Compositor, maestro, pianista
“O facto é que o mundo da música – a sua linguagem, beleza e mistério – já se incitava em mim. Alguma viragem já tinha começado. A Música já não era uma metáfora para o mundo real, algures por aí fora. Estava a tornar-se o oposto. O “por aí fora” era a metáfora e a parte real era, e é até hoje, a Música.

Philip Glass
Compositor e pianista
“Não, eu não lhe chamaria neutralidade… mas uma necessidade de se concentrar em cada som, para que cada folha de erva seja tão importante como uma flor.”

Arvo Pärt
Compositor

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quim rosas
quim rosas
11 de Maio, 2022 20:32

Muito bom, o meu preferido até agora.

Mariana
Mariana
Resposta a  quim rosas
22 de Maio, 2022 11:18

Ainda bem!!
Para mim dá sempre gosto partilhar música assim… tão única!!
Tão característica e especial de cada compositor ????????
Muito obrigada pelo comentário!!

Maria Inês Costa
Maria Inês Costa
1 de Setembro, 2022 11:41

Um trabalho exaustivo e maravilhoso sobre a música contemporânea.
Belas sugestões aqui deixas, Mariana! Obrigado!

Mariana
Mariana
Resposta a  Maria Inês Costa
1 de Setembro, 2022 17:28

Fico feliz que tenhas gostasto ????????
A música contemporânea pode ter muitos representantes, mas estes compositores foram dos que mais me tocaram, e recentemente tenho descoberto muito com este género, especialmente por serem todos tão diferentes e não seguirem uma tradição específica que não a sua própria ????
Acho mesmo que é de uma variedade incrível, e que não só estes dez como muitos outros compositores merecem ser apreciados como os génios que são!
Muito obrigada pelo comentário!! ????

Mariana

Vinicius S. G. de Moraes
Vinicius S. G. de Moraes
13 de Fevereiro, 2023 0:09

Parabéns pela publicação, excelente conteúdo.

Mariana
Mariana
Resposta a  Vinicius S. G. de Moraes
13 de Fevereiro, 2023 19:27

Muito obrigada!! Ainda bem que gostou!!! ???? e espero que tenha descoberto algum novo compositor incrível 🙂

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