Skip to main content

Liszt ou Chopin – Qual o Melhor? Esta pergunta é um dos maiores debates que têm surgido atualmente.

Mas, na verdade Liszt e Chopin não eram nada mais, nada menos, do que amigos. De facto, Liszt conseguia tocar à primeira vista até os estudos mais difíceis de Chopin (para grande zanga por parte do compositor).

Estes dois grandes pianistas nasceram com apenas um ano de diferença. A morte, no entanto, foi mais confusa: podemos considerar a sua morte separada por dez anos ou por quarenta. Ainda que nascido um ano depois de Chopin, Liszt morreu muito depois. Apesar disso, deixou o piano muito antes: aos 30 anos o piano já tinha terminado para ele. Mas não foi uma carreira pequena; foi antes uma carreira precoce.



O êxito enorme de Mozart fez com que várias crianças-prodígio passeassem pelos salões a mostrar as suas maravilhosas virtudes no piano ou no violino. Entre elas, estava o húngaro Franz Liszt. Eram vários os miúdos que se mostravam em Viena e Alemanha, de tal forma que Beethoven só depois de muita insistência decidiu quebrar um hábito na sua prática habitual e ouvir o pequeno Liszt. Franz impressionou-o tanto que o magnífico Beethoven em pessoa se comoveu ao ouvir o pequeno interpretar uma peça dele. Patrocinado pela nobreza magiar, com o ensino pelo maior mestre vivo no currículo, estava lançada a carreira musical deste famoso compositor.

A sua carreira foi bem fácil. Enchia concertos desde pequenino, tocava peças aparentemente impossíveis e, de cada vez que um novo prodígio comovia a bela cidade de Paris, lá aparecia Liszt, para ser ainda melhor.

No entanto, houve um único pianista à sua altura nesses anos de Paris, o único que Liszt não tentou ultrapassar, mas sim ajudar, apesar da grande resistência do principal interessado: o Sr. Fréderic Chopin.



Durante os anos de amizade, Liszt tentou colocar Chopin nos grandes círculos da Sociedade Francesa, nos grandes concertos e soirées artísticas. O resultado, no entanto, foi não muito grande.

Apesar da inegável qualidade da técnica deste afamado pianista e compositor, Chopin não terá dado, até ao fim da sua vida, mais de 30 concertos. Pouco, sobretudo comparado com o seu amigo.

Liszt e Chopin, os dois motores da música romântica em Paris, tiveram uma das amizades que atraem dois génios para o mesmo lugar. Admiravam as interpretações que o outro fazia das suas composições, apreciavam as peças que escreviam, e tocavam constantemente em conjunto.

Se não fossem ambos os temperamentos destes compositores ou as relações amorosas complicadas – que uma vez exilaram Liszt na Suíça – talvez a amizade durasse mais. Ainda que não tenha havido cisão nenhuma, estes génios foram-se afastando, ao mesmo tempo que o interesse de Liszt pelo piano decaía.

Durante vários anos Liszt recusou constantemente convites para tocar piano e viveu atormentado com a ideia de não conseguir ter uma obra com a tarimba do seu virtuosismo. Já estava farto de técnica, improviso e variações intrincadas, queria dedicar-se à música, queria ser compositor.

Em 1848, Chopin deu o seu último concerto em Paris, além de visitar a Inglaterra e a Escócia com a sua aluna e admiradora Jane Stirling. Eles chegaram a Londres em novembro e conseguiu dar alguns concertos e apresentações de salão. Chopin voltou a Paris, onde em 1849 tornou-se incapaz de ensinar e se apresentar. A sua irmã, Ludwika, que lhe tinha dado as primeiras lições de piano, cuidou dele no seu apartamento na Praça Vendôme, nº 12. Nas primeiras horas de 17 de outubro Chopin morreu.

Liszt negou ter escrito Funérailles (subtitulada “Outubro de 1849”, o sétimo movimento da suíte para piano Harmonies Poétiques et Religieuses, de 1853) em memória de Chopin. Embora a secção do meio aparentasse ter sido modelada sobre a famosa secção de três oitavos da Polonesa em Lá bemol maior, Op. 53, Liszt disse que a peça tinha sido inspirada pelas mortes de três dos seus compatriotas húngaros no mesmo mês.

Mas Liszt escreveu uma canção para Chopin.

Consolação nº 3. Uma das suas obras mais sentimentais, este é um lado de Liszt muitas vezes esquecido entre todo o virtuosismo impossível e louco – mas um lado que é muito mais maduro e marca o caminho para o génio dos seus trabalhos posteriores. Publicado no ano seguinte à morte de Chopin, é difícil não interpretar as Consolações de S.172 como um tributo ao seu amigo próximo, especialmente observando as semelhanças com o Noturno de Chopin 27 No. 2.

Esta canção é uma peça muito agridoce, mas realmente linda. Pode-se sentir a dor a chegar. Mas não tristeza. Quase como boas lembranças de tempos que nunca mais se poderá ter.

E é esta a história da amizade de dois dos melhores compositores da história da Humanidade.

Chopin ou Liszt? Qual é o melhor?

Bem, isso fica à decisão de todos porque é algo que varia com os nossos gostos.

Qual é o seu preferido? Conte ao Pianissimo qual e porquê nos comentários!

0 0 Votos
Avaliação Artigo
Subscrever
Notificar de
1 Comentário
Mais Antigo
Mais Recente Mais Votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Maria Manuel Costa
Maria Manuel Costa
9 de Abril, 2021 19:38

Muito interessante! Comovente, mesmo. Inspira qualquer um a dar o melhor de si ao mesmo tempo que partilha com Alguém para juntos progredirem ainda mais além……

1
0
Gostaria da sua opinião. Por favor comente.x