Sinestesia significa “simultaneidade dos sentidos”, ou seja, refere-se a perceções que emergem num dos sentidos advindo por estímulo direto de um outro sentido. Por exemplo, uma pessoa sinestésica pode ouvir um som e imaginar uma cor, ou o vice- versa.

É exatamente este caso que este artigo nos traz hoje.

Segundo Dante Mantovani, da Orquestra Jovem de Paraguaçu Paulista, “Trata-se de uma riqueza cognitiva sem igual, que já foi considerada uma desordem cerebral pela ciência, mas que já engendrou muitas obras de arte contundentes, como é o caso do Poema Sinfónico Prometheus, do compositor russo Alexander Scriabin (1872-1915) para a qual criou uma escala musical inédita baseada nas suas percepções sinestésicas.”

Teclado de Scriabin

Mantovani compôs em 2004 uma obra intitulada Trio Verde-Roxo-Laranjado e Cinza Escuro, para clarinete, flauta e violino, em que explorou as notas musicais que lhe remetiam às cores do título, que foram a base da ideia formal, a partir de uma pintura que fez. As notas são: Lá-verde (coincide com Scriabin) Sol (o grave do clarinete, coincide com o Roxo)-Mi (Laranjado)-Do# (cinza-escuro).

Aqui no Pianissimo também existe esta sinestesia música-cor. O mais normal seria descrevê-la como a capacidade de associar uma cor a uma nota, peça, arpejo, entre outros, sem pensar grande coisa. Apenas uma ligação instantânea, em que as cores desta sinestesia são as seguintes:

O vermelho do dó coincide com Scriabin, mas o resto é completamente diferente… mas é isso que o torna uma capacidade cognitiva tão interessante!

No nosso caso, também funciona com peças, tal como os exemplos abaixo apresentados:

“A Wish” – Fréderic Chopin

ROSA/VERDE

“Lily’s Lullaby” – Alexandre Desplat

VERDE ESCURO

“Consolation nº 3” – Franz Liszt

ROSA/ROXO

“Come as You Are” – Nirvana

Tons de AZUL

“Waltz of the Flowers” – Pyotr Tchaikovsky

ROSA/ROXO/VERDE